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Para toda a Revoada Odara e suas receitas de po es Melina por me manter aqui E Thayn minha flor do bogari DIAS DEPOIS SA MOS DO LEPROS RIO N o cont m gl ten Aprecie sem modera o
do que se trata 14 em dezembro re nem se ao redor de um morto e certa vez tiraram grandes peda os 17 de toda carne transgressa 26 e de todos os amores sustentados em alfinetes 30 dos apurados finais 37 est escrito 65 dias depois sa mos do lepros rio 68 gritaram l da esquina e pensei que era deus e das costuras n o me cabem o peito 73 ent o escrevo em combust veis de ampulhetas 38 sobre o meio de ouroboros 42 para que n o me conservem fios de cabelos 43 sobraram pequenas varia es de colle 84 em todos os cantares gratuitos 86 quando meia revoada dorme sobre os preju zos peda os de pele 89 quando estivemos febris a partir de abril 91 de l at aqui 47 os dias eram t o severos que publicaram um c u rosa na not cia do jornal ainda sobre guas 94 cantares da torre mais alta tudo abaixo era precip cio 96 sigo o interl dio dos fastios lutando 108 enquanto salas brancas com cheiro de ter n o me permitem sentir cheiro de gente ainda h pardais sobre o desleixo 51 e pontas pu das de theres polis 55 sob a carestia dos dias 57 um curto ato em despersonaliza o 60 acompanhado por um estojo de doze cores lacrado 62 6 na mira o do meio dia 75 um dia matei um pai 76 no jardim da inf ncia 81 cheguei a 22 por dezesseis na noite de s bado 114 e n o me foi ruidoso 116 7
pois ap s paroxetina e bup 118 era tanto t dio que ajoelhei e rezei 120 no entalhe dos feriados 121 bem 123 desejante 127 enquanto a filha de freud se diz lacaniana 130 ainda h pardais dias depois de sa rmos do lepros rio o tempo da terra prometida e ela ainda se chama cidade ent o n o me fale do mundo l fora para al m do elefante no horizonte senhora das minhas horas tenho vistas encurtadas para dist ncias longas al m da varanda e do monte bom jesus 8 9
Em Nazar Na terra que o Rei nascera Nasceu um p de roseira At hoje bota umas rosas Toada do Mestre Rei Pandeiro do Mestre 10
do que se trata sei do todo desinteressante aos vivos DIAS DEPOIS SA MOS DO LEPROS RIO thiago medeiros as maracutaias as catrevagens dos trope os dos bicos da costureira do oleiro dos remendos dos contornos de esgoto de farrapos das ruas das casinhas cicatrizadas mutiladas as tape arias as caluniagens dos alaridos dos arranques do aprendiz da matriarca dos escombros dos restolhos de rejeitos de chorumes das esquinas das vilinhas arrebentadas aleijadas e esse desalento 12 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 13
e esse desalento esse desalento todo palp vel em mim se faz ncora 14 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros em dezembro re nem se ao redor de um morto
certa vez nos tiraram grandes peda os dizem que j foi uma menina e teria sido dizem nessa de certa minha tia av poca ser uma mulher azeda n o comia toda a comida sem linhagem do prato sem amores voz de lixa e as sobras n o minha bisav iam ao lixo aquela que rezava decidiu a tantos e tantas at se esconder que murchassem os 16 galhos de arruda eu a mulher mesmo tantas vezes que ainda n o era afastado de quebranto azeda e olhado sob as rezas mas uma menina de sua boca em carne e diziam ser mole ausente de dentes minha tia av certa vez notou punha as sobras que a mulher na barra da saia azeda e sumia no quarto dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 17
afastava a cama abria uma caixa que ainda n o era azeda n o sei do que nem minha eram as caixas tia av naquele tempo talvez apenas papel o menina madeira porcelana alimentar um filhote gata de rato zinco com a comida que preparava todos os dias mas caixas sempre foram com a comida que mandava para meu bisav todos os dias esconderijos enquanto ele mutilava peda os de terra com enxadas para para maiores ent o fecund la em sementes que n o eram as dele pequenos amores estranha orgia minha bisav de metal que desde sempre de homem rezava agarrada de planta em galhos de arruda de terra afastando quebrantos doen as com a comida que cozinhava para as quatro crias todos os mazelas dias desde que parou de amamentar olhados viu a filha 18 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 19
quando rezava minha bisav falava de S o Miguel Arcanjo aquele homem de saias agarrado a uma espada e balan a enquanto pisa o rosto de satan s que protegia o menino jesus na manjedoura quando rezava minha bisav falava de S o Jo o do Carneirinho eternamente menino agarrado l dos cordeiros quando rezava minha bisav falava de L cia Jacinta e Francisco 20 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros t o puros anunciando as palavras de Nossa Senhora de F tima quando viu o rato ainda filhote alimentado amado e at acariciado pela menina que n o sabia que seria azeda minha bisav disse coisas mais ou menos assim desgra ada miser vel louca imprest vel sua herege dando comida de crist o a um bicho horrendo thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 21
n o respeita meu suor toda aquela hist ria n o respeita teu batismo contada por Mel Gibson ent o voc com minha bisav certeza lembra obrigou a filha e se chorou que n o era e se lamentou minha tia av e se houve luto e n o sabia nada sobre azedumes deve ser traum tico perder um filho assim a jogar o filhote mas estamos de rato falando de deus no galinheiro n o sei se a ele s vezes cabem l grimas penso em e dores e gemidos deus e manhas e lutos me pergunto mas se ele se se sentiu algo compadeceu do filho foi bem parecido com aquela menina a oitado vendo o pequeno cuspido maior amor crucificado 22 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 23
toda carne transgressa lembro na inf ncia de brincar com facas desses que escondemos em pequenas n o me via carne caixas n o me sabia comest vel morrer sob os faqueiro novo bicos das galinhas sobre a cama de casal dizem pequeno narciso que era de certa minha tia av facas me pareciam espelhos ser uma mulher azeda me via em l minas e certa vez nos tiraram me via em grandes peda os gumes me via em serras e me eram proibidas l minas gumes e serras 24 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 25
26 n o era tempo de saber sobre a bem da verdade n o conhecia corte a palavra l mina n o era tempo de saber sobre e duvidava um pouco cis o dos espelhos n o era tempo de saber sobre mas sabia faca retalho me era proibida ainda assim esqueceram o faqueiro pois o tempo n o me fazia morada aberto sobre a cama de casal at ent o e n o me sabia apenas aos inchados de tempo carne se permitiam as l minas n o me sabia se permitiam os gumes comest vel se permitiam as facas facas funcionam para comer carne era murcho e desidratado n o sou carne nem comida de tempo eram espelhos queria apenas o direito todas as l minas de brincar com as facas desde sempre me permitiram colheres pois n o era carne e at j me permitiam garfos n o era comest vel n o me permitiam l minas pego uma das facas n o me permitiam espelhos do faqueiro aberto dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 27
todos os amores sustentados em alfinetes era pequena t o pequena esquecido na cama n o guarda de casal recorda o antes desta n o tenho medo de serras n o tenho medo de gumes um besouro agonizante n o tenho medo de l minas de costas esmagadas e a fileira de formigas mas j devia temer espelhos aos domingos ouvia a curiosidade nos dedos me faz descobrir ser carne e comest vel deus est em todo lugar e nos p es dormidos e esquecidos encontrava formigas na gaveta de roupas limpas encontrava formigas vez ou outra nos dedos ou na perna encontrava formigas e no banheiro e na areia da rua no pesco o do pai ou da m e e nos farelos ca dos que ningu m mais via bem como entre flores e folhas e frutas e potes encontrava formigas 28 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 29
comem tudo que carregam est o em todo lugar n o se esconde dela ainda sobre elas diziam tudo que carregam comem e carregam cinquenta vezes o pr prio peso e em conjunto carregam qualquer coisa at mesmo voc minha filha caso durma sem banho aos domingos ouvia n o nos escondemos de deus o besouro de casca verde cintilante mostrando apenas o lado de baixo patas finas e fren ticas a fileira de formigas fingindo ordem at mesmo serpenteava e de longe diria ser uma coisa s 30 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros pensa nas pr prias raladuras dos joelhos na vez que queimou o dedo no fog o tudo com tempo capaz de sarar mas formigas n o entendem de tempo mas formigas n o entendem de curas creem apenas na pr pria fome creem apenas na pr pria for a as patas do besouro na realidade acenam para ela e ele diz thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 31
eu entendo de tempo essa sombra a acompanha eu entendo de curas essa sombra a alimenta d me tempo essa sombra a fortalece mais tempo ele quem a sombra pergunta tudo cura que barulheira essa aos domingos ouvia n o posso deixar deus te levar para um lugar melhor armou se do chinelo e come ou a estapear que o comam vivo s costas as formigas ouve apenas via o caos para voc da fuga e magicamente im veis choviam algumas antes grudadas eu resolvo ouve um estalo lembrava o retorcido de um feixe na sola do chinelo de palha seca os estalos despertam depois que a sombra a sombra tr s vezes maior que ela 32 e dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros saiu thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 33
virou aquilo metade de uma asa aquilo talvez seja uma perna a gosma amarelada e talvez seja por isso est o em todo lugar que chamam este e fen meno n o nos escondemos deles de sumidouro e de ocaso nos levar o para um lugar melhor de instante desde ent o sobre aprendeu a perda ter medo de rezas sempre sobre perda a fileira de formigas e a ranger os dentes ao sonhar com formigas ressurge deus e formigas de alguma maneira sempre se reorganizam 34 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 35
dos apurados finais escrevo em combust veis de ampulhetas h dias na primeira vez disse exercitamos tive algu m o falseamento j n o tenho mais nunca s segundas na segunda tudo na segunda tive dois algu ns j n o tenho mais latejo de pele de t o abstrato n o houve uma terceira um calo partiu com tr s alian as no calcanhar duas na m o direita de deus uma na m o esquerda minha bastardice ela n o teria tempo de dizer a mais algu m tive um algu m foram derradeiros de ambos e mais uma vez culparemos o tempo e 36 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 37
o tempo t o imaturo o tempo t o crian a o tempo t o verde via isso nos olhos da minha av quando se apagava redesenhando seus mortos e os ratos e os dentes e era t o menina t o tempo de novo tamb m n o me reconhe o minha v mas creio n o sou o tempo meu peito em toda densidade cerca de uma de bolha de sab o pedra branca e bravo boi vermelho 38 o tempo menineiro sempre rec m parido e os lajeiros me vem sorrindo dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio todo em 39
agulhas e fusos de tear o meio de ouroboros e espinhas de peixe e h tempos minha m e dizia deixe coma ao menos a carne ent o pergunto transl cido raios de sete cores em cada borda da esfera h de haver quem me coma as sobras menineiro rec m parido 40 inf ncia j velhice depend ncia e alguma sabedoria incompreendida ainda ontem minha av me contou o nome das primeiras bonecas de sabugueiro Marleide e Marlene e pela s tima vez me pergunta onde eu moro e quantos anos tem minha filha reencontra a inf ncia e t o com o abandono verde do meio caminho dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 41
n o me conservem fios de cabelos e uma frase agora do primeiro sonho aos tr s anos de idade em p na beira do pr dio s resta esperar e cair o caminho de vento num corpo adulto assanhando os cabelos aos p s do pr dio recorda as m os concreto pressa meio fio ratazanas transeuntes uma palavra esticadas acima da cabe a em pressa para alcan arem o horrenda ch o primeiro e sim antes de todo um salto o resto do corpo entre o alto do pr dio e o concreto apenas desde ent o vento janelas e alturas 42 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 43
sussurram todos os dias e j tem sempre haver um convite para a queda o corpo adulto da queda e lembra mas n o me cabem entregas ao menos de uma parte como o vento n o me levar o assanhava por inteiro os cabelos pois deixarei no mundo ao menos ent o os fios dos meus raspa a cabe a cabelos semanalmente e unhas aos p s sempre haver do jasmineiro chamado das janelas e alturas 44 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 45
de l at aqui queria ser velho queria ser velho mas t o velho que o tempo n o era jovem e me me tocasse mais cabia em todos os lugares do minha m e sempre dizia mundo mas t o curto pensava me caberem essa coisa de tempo todas as brechas sempre t o curto todas as fendas todas as dobras hoje maturo encarnava em mim e mal conservo dobraduras sem de prateamento precoce jamais compreender origami a idade dos pulm es segue sempre frente n o me bastavam 1000 tsurus distante do cron metro n o me bastavam 1001 rezas contado no resto do corpo nem as novenas me bastavam ainda que fossem 1001 delas n o me cabem mais as brechas nem me cabem mais as fendas dizia sempre minha m e e ainda n o aprendi sobre dobras olhando todo o brilho do mundo 46 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 47
no primado prim rio da eleg ncia dos nossos erros que repito os dias eram t o severos que publicaram um c u rosa na not cia do jornal mas t o curto sempre t o curto 48 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 49
h pardais sobre o desleixo em dias de lepros rio engordei pardais minhas penas brincava de divindade n o est o colorindo a aridez mostra do solo com man de ra o s o apenas minhas para jabutis e fub sobre mim mesmo os pardais comem t o internas quando saio que diria guas vivas e se volto em debandam met stase compreendo sempre queimam esse receio queimam sempre belezas de guas n o sei nada profundas sobre voos n o sei nada sobre cantos n o sei nada sobre ninhos 50 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 51
embora do pouco pardal mas que sou sobre receio tamb m me sacio de sombras apenas maiores quando longe que me da sombra alimentam de quem me alimenta disso entendo bem n o sei nada esses dias de lepros rio sobre alimentar fazem de mim filhotes com o bico cria de pardal tamb m n o sei nada sobre temer miudeza das pedras 52 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 53
pontas pu das de theres polis para Thayn Lustosa ainda se eu mesmo escrevesse te escreveria um postal datado em 1940 em preto e branco sob as juras de haver cores em Theres polis te asseguraria estarmos bem sem saber ainda na inseguran a das tecnologias de um tempo marcado por cartas caligrafadas se voc j recebeu o dinheiro com os votos de espero ter servido em boa hora na d cada de 40 quase um s culo atr s enviavam se postais de uma Theres polis descorada em tons de s pia e pontas pu das por oito d cadas de esquecimento assim se eu mesmo escrevesse te escreveria um postal datado em 1940 em preto e branco sob as juras de haver cores em Theres polis apenas para oitenta e dois anos depois algu m resgat lo declarando o assim foi belo t o belo quanto uma Theres polis inteira despida das pr prias cores num cart o postal da d cada de 40 em suas fr geis pontas pu das com um escrito final de lembran a a todos postado com um selo de 200 r is sob as juras de haver cores em Theres polis muito al m dos tons em s pia e suas pontas pu das por oito d cadas de esquecimento 54 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 55
carestia dos dias n o gosto de falar sobre o tempo o que houve ali que ainda pede lembre me lembre me nunca perguntei a algu m sobre o tempo queria lembrar perguntei sobre semanas ou sobre o amornamento nem as horas nem qual o santo do dia n o talvez um pouco das chuvas a partir da segunda quinzena de setembro afinal meu rel gio mudou foi muito pouco nunca foi de muito ou ent o n o haveria foto inc moda nem um palp vel esfuma ado e nem esse eco no oco da nuca de n o h o virado dos ponteiros h alguns dias cada segundo quebrado espa o para abandono nunca houve nunca houve nada aqui correm sempre para s n o h espa o para n o mais em c rculo mem ria n o daqueles dias carecia uma coisa inominada inomin vel 56 jamais gostei de falar sobre o tempo dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros o mesmo lugar s um outro pol gono ainda sem batismo inominado por mero desleixo thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 57
curto ato em despersonaliza o n o gosto de falar sobre o tempo jamais gostei de falar sobre o tempo nunca perguntei a algu m sobre o tempo nem as rezas nem sobre o canto dos galos nem perguntei sobre calend rios ou sobre o caminho da linha de rion e escorpi o entre os dias de quente e os dias de frio ainda assim me diga mesmo sem eu pedir o que houve naqueles dias naquele tempo da mem ria em carestia sem espa o para um pol gono de linhas inominadas por desleixo na contagem mesmo do mais m sero em tr s linhas ou qualquer coisa que nos juntasse para suportar a carestia dos dias n algum canto de uma folha em branco por vezes faz se necess rio escrever meu nome repetidas vezes at exaurir os dedos para a fadiga das tendinites j velhinhas conhecidas senhoras habitantes de finas m os cansadas estava perto dos 14 ou 16 anos quando decidi o formato definitivo das futuras manuscritas mai sculas apartando me das redondezas dos curvil neos tra os exigidos em caligrafias finalmente entregue pr pria pressa silenciosa na verdade silenciada encerrada no cr nio tr mula s pontas das unhas finalmente reta e ileg vel ileg veis pressa mai sculas unhas rbitas e t mporas 58 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 59
estojo de doze cores lacrado desenhava um quarto de sol da repeti o do nome por vezes na no canto esquerdo das p ginas maior parte do tempo n o t o incans vel quanto se sup e n o espero dissolu o dava lhe um rosto nenhuma tampouco confirma o alguma apenas a orientada produ o de uma p lpebras cerradas mancha espec fica numa folha de papel um sorriso fechado qualquer e um grito agudo silencioso e n o me expandi ao ponto silenciado que preferi engolir arriscando de conhecer o formato dos morrer entalado a ter meus sons de t mporas dentes de um quarto de sol soltos no mundo e ignorava o fato de sempre sorrirmos com os olhos abertos n o parece mas eu grito dormiram todos eu grito sim os meus quartos de sol domar sil ncios ent o segue sendo a nica arte 60 a me dizer em libras uma casa te reconhe o aqui arremedo de lar dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 61
janelas abertas para fora aus ncia de muros cortinas pantomima de telhas aparentadas a um jogo da velha desnecess rio me um quarto de sol rvore j o tenho inteiro na medula encarnada uma flor e n s por isso adorme o enquanto dia aqueles nunca enxergados pelo sol pois dormia adormecem olhos adormecia eternamente um quarto adormecem dedos de sol adornado em hidrocor adormecem pernas amarelo e vermelho alternando adormecem vontades seus raios s n o adormecem os prazos v amos o sol em seu repouso nunca nos via o sol pois repousava falta o sorriso im vel e fechado hoje desenho anz is j esquecido da anatomia tal qual um quarto de sol daqueles que um dia me fisgaram no canto da folha em seus olhos cerrados 62 desconhe o a anatomia dos anz is j oxidados apenas redes de arrasto me conduzem asfixia dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 63
est escrito esta caixa cont m 250 f sforos de seguran a longos inauguro tradi es dou g nese a ritos o primeiro f sforo aceso devolvi caixa est comigo h quase dois anos uso no desespero da falta de isqueiro finalmente vazio n o mais roubado desde o in cio dos dias de lepros rio antes de acender um cigarro fa o da caixa chocalho improviso as batidas de um samba conhecido apenas por mim e n o importa a dura o da m sica e n o importa para qual parelha de formigas carregando seus pr prios defuntos eu olhe tenho os olhos sempre no ch o ultimamente o c u tem o mesmo desbotado im vel de todos os dias sempre pego primeiro o f sforo in til aquele que primeiro me acendeu um cigarro na aus ncia de um isqueiro finalizado n o mais roubado desde o in cio dos dias de lepros rio j me leram sortes em cartas b zios profecias pentecostais alguma vez na vida devo ter quebrado algum espelho sonhei algo sobre acender uma vela diante de um espelho de prefer ncia n o o que provavelmente quebrei um dia se que j andei a quebrar espelhos pois recordo promessas autoconfian a o dedo mindinho do p esquerdo um ligamento do joelho potes de arroz o sigilo de metade das minhas melhores hist rias mas n o recordo se um dia quebrei espelhos ainda assim simulo esfinges delfos s por conta de 64 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros um f sforo queimado teimoso em adiar o fastio das minhas ansiedades quando diante de um isqueiro finalizado n o mais roubado desde o in cio dos dias de lepros rio n o sei se o universo espera algo de mim acho mais prov vel esperas por parte de bancos donos de bodegas um ou outro algu m que me emprestou vinte ou cem reais tamb m n o devolvi alguns livros desde a adolesc ncia e sei o quanto ningu m esquece um livro emprestado restando apenas algo muito parecido a certas seitas messi nicas aguardando uma segunda volta do cristo uma esperan a fr gil de t o lapeada pelo desgaste dos dias marcados em calend rios ro dos por tra as ainda assim pergunto o que em nome de todos os caminhos que imperdoavelmente n o segui o que quer dizer este f sforo cria de um isqueiro finalizado n o mais roubado desde o in cio dos dias de lepros rio deve ser sobre repeti es algu m precisa me lembrar sempre o fato delas tamb m acontecerem simplesmente por n o haver muita originalidade no caminhar do mundo ou um segundo para pausas dram ticas em todas as decis es controversas da vida soltando um tem certeza antes de mais um cigarro olha que isso te causa um c ncer enquanto minhas ansiedades aguardam extin o moment nea ainda assim compreendo algo sobre espelhos toda vez ao pegar o f sforo primevo tamb m j tive algum brilho quase incandescente talvez tenha produzido chama um leve potencial para cat strofes thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 65
dias depois sa mos do lepros rio caso encontre o rastilho de p lvora ou gasolina certo encontrei a letargia do que se aguardava de mim o reinado da mais prov vel das probabilidades acendi queimei retorci dois ter os do corpo at mesmo o cheiro do pequeno inc ndio jamais provocado se diluiu at sobrar apenas a c pia dependente de fogo alheio para uma combust o singela de mais alguns cent metros de vida saudosos embora ingl rios nostalgia de uma primeira utilidade cria de um isqueiro finalizado n o mais roubado desde o in cio dos dias de lepros rio espero n o amanhecer de novo apenas por saber n o importa a dura o do samba criado apenas para estes segundos da mistura dos fatos dos lances da sorte guardados apenas para vinte ou menos cigarros isqueiros s o cheios de g s e incerteza mais incerteza que g s dos giros da roda da fortuna arcano jamais sa do para mim nas leituras de tar n o importa se acompanho formigas carregando seus mortos no ch o ou se colo meus olhos no reverso unicolor de minhas p lpebras ou se atiro 250 f sforos de seguran a longos ao ar catando apenas um vendado numa tatuagem de nanquim sobre as pupilas sempre pegarei aquele que j n o mais aquele que j n o presta aquele que j n o promete hecatombes gatilhos e nem erup es n o h muitos porqu s sobre isso apenas vest gios na ancestralidade nos derrames geneal gicos dessa cria de um isqueiro finalizado n o mais roubado desde o in cio dos dias de lepros rio h dias n o escrevo sobre n s e n o havia percebido este novo falecimento por n o saber em qual fase do luto estagnamos nosso involunt rio esmorecer foi s bia aquela decis o de ignorarmos definitivos interrompi a contagem dos mortos l fora em quinhentos e cinquenta mil por n o suportar apneia pelos pr ximos quatro meses agosto mas j poderia ser dezembro pois na verdade nunca deixou de ser mar o nem nunca deixou de ser aquele dia da nossa fuga na qual abandonamos flores nas cal adas 66 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 67
n o h mais vest gio de p talas em lugar algum sobre n s nossa contagem particular este o nosso d cimo nono derradeiro ou ainda seja o d cimo quinto embora recorde algum dia ter contado sempre em apneia at vinte e tr s ou vinte e nove tenho vestido cal a jeans meias e prov veis sombras a prova d gua sobre os olhos apenas para esconder o desastre do corpo apesar de estar em apneia sinto tudo oxidar e me rasgarem novas rugas entre as costelas e os p s finalmente cal ados pois desisti sei muito bem n o me permito s ra zes n o h solo f rtil nosso mais recente falecimento relegou apenas a esterilidade dos adubos e a secura dos p s encali ados nessas longas caminhadas do quarto sala e a qualquer lugar que me reflita o rosto tenho vontade de esquec lo talvez por conta dos nossos baixos padr es na severa insuportabilidade dos cativeiros quero esquecer o rosto que tive ao longo desses dias e justo que seja assim e caso um dia aconte a prometo n o contabilizar mais este morredouro na contagem un ssona das nossas aus ncias basta o finamento do nosso idioma basta o ocaso dos nossos nomes e basta o fato de termos escrito nossa narrativa sob a inconst ncia dos l pis pois sumiram caneta e nanquim quando um dia dissemos aqui o marco dos ajuntamentos improv veis ent o concordamos impl cito mas concordamos n o importa que seja ef mero apenas n o recordo se concordamos que seria curto tudo sobre encerramentos e minha exaust o sobre n meros os nossos vinte e nove e os quinhentos e cinquenta mil l fora isso quando desisti das contagens por n o suportar apneia pelos pr ximos quatro meses porque n o sei por qual vocativo devo chamar voc e porque imposs vel meu bem que j estejamos em agosto imposs vel estarmos t o pr ximos a dezembro se ainda mar o sei que ainda mar o jamais sa mos de mar o imposs vel estarmos a onze dias de setembro se havia um abril inteiro a ser 68 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 69
atravessado desde a sua primeira mentira at os vinte e nove dias que nunca vieram e ainda assim tenho maturado um novo desespero meu bem desde a noite passada guardo uma certeza pois rendi incertezas ao seu vocativo e estou certo meu bem estou certo a filha da minha filha e os filhos dos seus filhos que provavelmente n o conheceremos ainda usar o m scaras ao brincar nas ruas e continuar o minha contagem interrompida em quinhentos e cinquenta mil dos mortos l fora e contar o um ao outro o que exatamente deixamos morrer em nosso trig simo falecimento ritual stico gritaram l da esquina e pensei que era deus e ainda ser o mesmo m s de mar o porque mar o imorredouro mar o a insist ncia da l ngua no pouco palp vel mar o um cristo ressurreto aos domingos e a filha da minha filha e os filhos dos seus filhos jamais conhecer o os significados do m s de abril nem guardar o expectativas em rela o a dezembro nem viver o a proximidade das desist ncias trazidas no m s de agosto porque ainda ser o mesmo m s de mar o nunca haver mais nada depois de mar o ser sempre aquele m s de mar o no qual permiti esquecer meu rosto e n o suporto manter apneia pelos pr ximos quatro meses 70 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 71
das costuras n o me cabem o peito toda ferida cicatriza envelhecidos t o antes que outros restos do meu corpo menos as chagas de cristo a boca do mundo n o me deseja engolir os p s e ando desalentado t o distante de santidades meu costume quase sagrado de mant los frios e descal os ent o me remendo sujeito s necroses das horas remendo remendo remendo e em linhas de seda em linhas de trapos em linhas de quetiapina em linhas de lcool nunca o peito costuro sobras dos meus p s 72 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros das sombras inacabadas de todos os amores mortos me permite sempre remend los em linhas de seda em linhas de trapos em linhas de quetiapina em linhas de lcool thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 73
mira o do meio dia um dia matei um pai ramos bons crist os mant nhamos as m os limpas pod vamos com certa frequ ncia as unhas menos as dos p s queria desenhar p ssaros essas n o estavam nos tra os simples sob as vistas do mundo e nos falsamente sofisticados e apar vamos os pelos at o limite da dec ncia nenhum deles voar ramos bons crist os sou pior que deus rumin vamos culpas grandes n o diluo semelhan as escandaliz vamos as culpas m nimas trezentos e sessenta e cinco maneiras de consumar adult rio e vigi vamos os passos estreitos da salva o ramos bons crist os 74 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 75
porque a b blia numerada facilitando a cartografia dos dias Judas foi e se enforcou Vai e faz o mesmo e o que fazes vai e faze o depressa e estrangulando o corpo deus n o nos abandonaria por vezes creio ter menos medo do que j tive por vezes canso as pernas na aus ncia de muletas por vezes penso se fiz certo em ter uma cria deus escreve um livro postado s portas do para so cumpri todas as etapas do luto por ter matado aquele cujo nome l n o estiver queimar em fogo e enxofre no inferno porque ele nos amou de tal maneira que n o perguntou a ningu m se quer amos lidar com a queda da bolsa de valores a mudez dos gritos de fome e a ciclicidade das crises de c lculo renal n o sei bem se sou bom com certeza n o sou mais crist o 76 por vezes acho que n o dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros algo que chamei por pai ainda assim h aquelas vezes em que olho uma parede e aguardo talvez ela se esfacele talvez ela se desmonte talvez ela me diga cada um desses tijolos poderia ser voc mas o acaso preferiu te dar a inutili dade da carne espera de thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 77
o que esperam as minhas carnes certo ainda guardo um pouco de medo pois por muito tempo fui filho antes de me fazer um pai e todo pai aguarda o retorno do filho n o me adaptei ainda s passadas largas ent o sigo e todo filho tem medo do retorno do pai andando estreito porque e tenho podado as unhas me assombra caminhadas at mesmo a dos p s e as m os est o esfoladas a palavra abismo ainda todo pai aguarda o retorno do filho todo filho se desespera ao pensar no retorno do pai de t o ass pticas pois agora temos lcool em gel hist rias de adult rio s o cada vez mais desinteressantes e na maior parte do tempo compreendo a cartografia em latitude e longitude do enforcamento de judas 78 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 79
jardim da inf ncia arrastando os eleitos pelos cabelos s puxadelas caio j para sacudi los diante do chorava pret rio marcial quando divino lhe puxei os cabelos mas tenho andado feliz tive a se verdade impress o que tenho ex gua e transtorno de curta de bipolaridade tir lo posso apresentar meio dedo do ch o um bom excludente sempre imaginei diante do Homem de ilicitude Assim o arrebatamento hostes de depois abri a m o mirrada para exibir a ver nica algumas querubins dezenas de fios risonhos arrancados de r seos gl teos a crueldade f cil na inf ncia 80 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 81
pequenas varia es de colle mordo fronhas com gosto de alfazemas mordo fronhas de todas as camas que n o foram nossas mordo fronhas enquanto o mundo e em adulto me come algumas culpas por todos os poros tamb m por todos os buracos por todas as crateras criadas por excesso de peso ent o o mundo me come o peito e sacia se completo em me comer a fome 82 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 83
todos os cantares gratuitos os dentes do mundo h de haver trituram meus nadas o dia dos galos cantarem todos e pensarmos os todos sobre n o se t o longe tratar de tempo guardados apenas cantares em teu de gratuidade peito cantar o os galos ent o mordo fronhas igual ao desejo enquanto de fome alimento lembran a o mundo inc moda de nossa fome enquanto o n o manifestada mundo me alimentar de fome cantar o os galos cantar o desejos 84 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 85
lembran a inc moda de nossa fome n o manifestada repetir o os galos sobras dos desejos lembran a inc moda de nossa fome n o manifestada at mesmo nas missas no subir das h stias quando meia revoada dorme galos encimados sobre as cruzes em bronze o canto gratuito dos desejos lembran a inc moda da nossa fome n o manifestada 86 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 87
sobre os preju zos peda os de pele controle quebrado estilha os de cinco ta as ontem nos foi a sexta um brinco engolido o joelho esfolado um talho do meu queixo em teus caninos das minhas comendas a que mais me orgulho um ros rio inteiro de dentes tatuados em meu peito certa noite nos acautelamos do fogo por nos sabermos intr pidos embora inflam veis desta lista de avarias encurtadas nos decantamos de meio mundo e assim nos consignamos de peleja nossa calma talvez seja assim mesmo aos diagnosticados por severa s ndrome de extrema benqueren a ternura de garras e ferr o de vermelhos mangang s na tocaia dos cora es de colibri e da varanda j exaustos felinos acompanhamos um incans vel elefante aguardando o p r do sol 88 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 89
febris a partir de abril fazemos da pele mangas cajus recorro aos banhos aos panos midos aos ch s de aroeira e essa febre n o cede seriguelas e rom s e essa febre n o cede mastigo tuas costas feito mastigasse busco curandeiros acendo velas no canto do quarto rezo diante de um copo d gua e essa febre n o cede um gengibre e essa febre n o cede cansamos declaramos ao mundo nossa canalhice dormimos o sangue talhado os tutanos liquefeitos os ossos pingando e essa febre n o cede e essa febre n o cede sequiosa de sede essa febre 90 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 91
ainda sobre guas disse gide o aos homens bebam da gua os que lamberam o a ude como faz o c o n o pelejaram dessas raras que n o cedem pago o pre o e se desonraram apenas 300 levaram gua boca na cuia das m os de ser teu mil simo amor numa febre que n o cede s o tr s da manh temos de acordar s 6 levantamos e vamos cozinha tomo do gargalo a garrafa da geladeira voc alcan a uma ta a evita o transbordamento sorve com o pesco o inclinado um dia alumiando inteiro 92 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 93
cerrado nas p lpebras enxergando at o nome luminoso de Pachamama sobre dignidades sempre sobre dignidades cantares da torre mais alta tudo abaixo era precip cio e ajoelhado me aben oam tuas guas e bebo como faz o c o 94 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 95
I n o acho que possamos chamar o que h l fora de mundo n o acho que seja mundo porque o jasmineiro ainda brota no terra o naquele espelho partido enxergo apenas metades apenas uma terra de olhos e meio rostos algu m engoliu a boca do mundo mas n o a minha n o a tua n o quando aqui aquilo s h l fora os p s para fora das portas nos engole primeiro a boca e o jasmineiro ainda brota no terra o ent o seja mundo apenas aqui tamb m terra sem saliva n o se rega e em mim nada nasce em mais ningu m algo nasce espor es dos arrepios da carne sem saliva n o brotam pois no que ainda chamam de mundo um l fora de ruas descarnadas dos couros das gentes todas as bocas nos foram engolidas n o adianta todos os cheiros sem narizes n o adianta todos os sabores sem l ngua e a pele 96 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 97
II insiste em perguntar em nossa fuga o que abandonamos nas cal adas creio em peda os de pele ca dos perturbam toda uma vida cut culas e morrem de desgosto diria a ele junto ao morrer dos donos tamb m meu corpo vai contar sim sobraram sementes sei que vai preciso de alguma alguma hist ria maneira florescer falando sobre naufr gios e ele fala sobre amores inacabados e ele fala sobre amores suspensos amores n o acabam e n o s o eternos c es adestrados 98 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 99
III sinto me spera de tudo que n o mais existe sinto me spera de tempo ligeiramente amorfos os dias os lapsos as tr guas os intervalos os cios os ciclos as sedes os corpos n o t nhamos como saber todos os c rceres do mundo viriam at aqui ainda assim nos disseram livres ainda assim nos disseram lar n o compreendo que ainda me chame pelo nome s mais um c rcere e ent o falar novamente sobre o homem cujo mundo cresceu aos olhos enquanto o nosso recrudesce a ponto de nos tornar sementes enterradas em covas mal distribu das mal pagas s vezes o corpo precisa de mais liberdade do que capaz de suportar sinto me spera 100 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 101
deixe que tudo mofe IV embolorem as paredes cres am em mim cogumelos todas as guas que j n o basta a abras o me regaram um dia das horas secaram sal que voc me traz dele guas in teis repare crian a do mar sempre noite que foi e de novo e de novo insiste em lembrar e de novo escamas redes n o h mais anz is espa os sequer algas para abandonos ouri os e todo sal que nos queima todas as fugas os ltimos escapes todo jardim em p ntano da hist ria loda al de t dio nos trouxeram at aqui n o me traga das guas do mar e as ruas um mar s o apenas inteiro bra os 102 aqui in til dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros das paredes thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 103
V VI ele est certo tudo sobre o mar tudo sobre uma enorme garganta tornando tudo invis vel tudo um n o visto um intang vel pesado sobre as ruas e descama aos poucos e descama ao muitos grudando na pele tornando a impura voc e seu nome t o pr ximo a flor precisamos de uma nova pele 104 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros em todas as vezes me contou essa hist ria pela primeira vez temo criar escamas nadadeiras br nquias desalentada para mares no c u ou na terra desalentada para sereias por isso os rituais de autofagia das p talas ainda podemos florescer longe do que chamamos por mundo ainda seremos flores n o mais peixes e nosso sexo ser com abelhas thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 105
em car cias de patas finas de mim para ti de ti para mim em l nguas de abelhas seremos cada dia mais flores abandonaremos pele por p talas interl dio dos fastios abandonaremos vol pia da carne por gineceu e androceu e vamos suspirar pelos dias como suspiram as flores sob o toque das abelhas 106 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 107
lutando sempre preferi o conforto dos chinelos desses encardidos de talvez tanto lavar batizem banheiros alguma rua com alguns e talvez buracos e um minha filha esgoto que fa a um insiste em mestrado estourar todo m s de dezembro com meu nome per odo n o o da minha desperdicem em pra as ningu m mais ir s pra as pol tico poca e talvez ainda ache que sou um her i e talvez alguns me quando difamem simplesmente porque jamais erotizei o lustre de coturnos engraxados 108 sobre o dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros na realidade eu s queria sobreviver thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 109
e saber se ela ou ainda come se algu m carne ainda lembra com os de como pegava dedos em minha barba em pin a e esfregava entre abandonando as m os com dez dedos todo o arroz ou inteiros em pin a talvez n o aconte a se ainda come apenas nada a casca do p o com a mesma e pin a dos dedos eu entalhe abandonando um sorriso todo o miolo e dir o ou subversivo qual m sica tocar na primeira festa que sair nestes tempos que proibiram sorrir sozinha 110 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 111
22 por dezesseis na noite de s bado o peso vem na m o esquerda enfeitada de fitinha verde para atendimento pouco urgente n o h urg ncias salas brancas com cheiro de ter n o me permitem sentir cheiro de gente aqui juro que nenhuma n o saber existir n o caso para fitinha vermelha 112 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 113
ruidoso n o sei quando o mundo come a a ruir e na velocidade se quando um que esse dolo tomba soro desce dormirei se quando a quetiapina n o mas de t dio por mais funciona se quando que insistam as fitinhas quebram as figas jamais se quando acreditei esque o em ansiol ticos bons fins se quando ela me diz tudo passa 114 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 115
paroxetina e bup essa mornid o vomit vel talvez seja na pena vem abra ada na pen ria na penumbra a um escrito que n o a ou quando me vejo recomenda para sue e siga s sue e siga sue e siga u i todo c i mundo se salva d a s s eu n o bato a sujeira n o podendo dos p s ser utilizada antes por de entrar na sala banc rios atendentes de telemarketing 116 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 117
era tanto t dio que ajoelhei e rezei jesus teve uma crise hipoman aca neurodivergente que era coroinhas e adestradores de c es porque n o teve for a para lavar lou a ou fazer caf causo engulhos goela n o precisava mais de cruz divina e escreveu um poema este inobserv vel engelhado paroxetina bup e l tio bastava quetiapina e ritalina ajudava e nenhum recaptador de serotonina funcionava 118 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 119
entalhe dos feriados li nalgum lugar cheia de pot ncia cinquenta ilus ria por cento destes de fui piada n s para o enfermeiro tentar o suic dio quer um band aid ao menos uma vez mas n o na vida fui trabalhar dia desses tentei cortar a m o para n o ir e era sexta feira imagino trabalhar ainda estar do outro lado a faca da estat stica era igual a mim cega 120 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 121
bem por te fazerem pecar te vi obedecendo casar a Mt 5 29 te vi ambos esquerdos engordar porque o desconhecido feito um rejeita assim tricos grande peixe degustador n o possui cetro sua de profetas realeza te vi mas r guas somos seus movedi o filhos por ado o ouvimos isso letras na inf ncia te vi ileg timos amputar apadrinhados mascar um rancor de tr s a m o e furar deus padrasto o olho unhas podadas 122 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 123
32 dentes na verdade 29 nenhuma c rie restaura o de am lgama n o importa trocada por a cor da resina cortina se a ferrugem financiamento veganismo casual no tutano novena stevia luvas pl sticas lou a dan a s quintas duas doses suco de clorofila cubos de gelo lei seca e losartana necrofagia velho chacal ainda sabe uivar 124 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 125
desejante acho dele saber h quantas noites n o durmo gostaria de ter a certeza aumentei dos restos a dose de quetiapina a rigidez e ainda de uma prefiro carca a lcool mas sua a f guia ao que fareja sono e diz podre mais incerta a liberdade de um lixo de certo revirado apenas a certeza dos restos que pris o essa leveza a paci ncia das carca as que arreio esse vizinho me dando a f farejando bom dia podre podre podre s vezes 126 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 127
a filha de freud se diz lacaniana tudo que sai da tua boca ra zes aprumadas sobre as cinzas e o lixo uma parelha revirado de asas em atrofia livre um punho sinal de fim marcado de penas perto de um tudo que assim seja sai da tua boca e os bvios um beco um atalho tr s l minas rosa dos ventos compasso 128 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 129
Meca Medina e m trica tudo que tudo que sai da tua boca sai da tua boca derrama sobre o prato imagina ainda queimar devido aos estalos da carne n o sabe se brilha n o sabe se arde e arde despossu do afirmo arde e como engulo degluto atolo entalo afogo sufoco e n o cuspo n o evacuo n o expulso n o escarro tudo que sai da tua boca e subverto p talas em meus cabelos em consigna o 130 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros thiago medeiros dias depois sa mos do lepros rio 131
a vez que disse sim as tr s que disse n o minha escrita cont nua sem espa os o escavar do peito at reluzir em nanquim e falho de novo de novo de novo t o fr gil tudo que sai da tua boca 132 dias depois sa mos do lepros rio thiago medeiros
theres polis do que se trata em dezembro re nem se ao redor de um morto e certa vez tiraram grandes peda os de toda carne transgressa e de todos os amores sustentados em alfinetes dos apurados finais ent o escrevo em combust veis de ampulhetas sobre o meio de ouroboros para que n o me conservem fios de cabelos de l at aqui os dias eram t o severos que publicaram um c u rosa na not cia do jornal ainda h pardais sobre o desleixo e pontas pu das de theres polis sob a carestia dos dias 134 um curto ato em despersonaliza o acompanhado por um estojo de doze cores lacrado est escrito dias depois sa mos do lepros rio gritaram l da esquina e pensei que era deus e das costuras n o me cabem o peito na mira o do meio dia um dia matei um pai no jardim da inf ncia sobraram pequenas varia es de colle em todos os cantares gratuitos quando meia revoada dorme sobre os preju zos peda os de pele quando estivemos febris a partir de abril ainda sobre guas cantares da torre mais alta tudo abaixo era precip cio sigo o interl dio dos fastios lutando enquanto salas brancas com cheiro de ter n o me permitem sentir cheiro de gente 135
cheguei a 22 por dezesseis na noite de s bado e n o me foi ruidoso pois ap s paroxetina e bup era tanto t dio que ajoelhei e rezei no entalhe dos feriados bem desejante enquanto a filha de freud se diz lacaniana ainda h pardais dias depois de sa rmos do lepros rio o tempo da terra prometida e ela ainda se chama cidade ent o n o me fale do mundo l fora para al m do elefante no horizonte senhora das minhas horas tenho vistas encurtadas para dist ncias longas al m da varanda e do monte bom jesus 136
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